10.3.11

A.M.Pires Cabral (Eu cantarei de amor)






Eu cantarei de amor tão docemente
que, ainda extinta a voz, dela perdure
o veio breve donde transpirou
outrora o canto aceso e seus silêncios.
Serão então do exílio as horas frouxas
derramadas qual ácido no rosto
do amante. Mas nada foi em vão.
Que os lábios tremerão de puro amor
e a pele - como a serpente à melodia
rende sua homenagem, cativada -
contra o dia se indisciplinará,
erguida sobre si, ao arrepio
de leis acumuladas contra nós,
seus ecos contrapondo ao vento frio.



A. M. Pires Cabral



[Luz & sombra]


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