22.8.16

Raduan Nassar (Não é pra tanto, mocinho)





Ela não só tinha forjado na caseira uma platéia, mas me aguardava também cum arzinho sensacional que era de esbofeteá-la assim de cara, e como se isso não bastasse ela ainda por cima foi me dizendo 'não é pra tanto, mocinho que usa a razão', e eu confesso que essa me pegou em cheio na canela, aquele 'mocinho' foi de lascar, inda mais do jeito que foi dito, tinha na observação de resto a mesma composta displicência que ela punha em tudo, qulquer coisa assim, no caso, que beirava o distanciamento, como se isso devesse necessariamente fundamentar a sensatez do comentário, e isso só serviu para me deixar mais puto, 'pronto' eu disse aqui comigo como se dissesse 'é agora'...


RADUAN NASSAR
Um copo de cólera
(1978)

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